O RENASCIMENTO COMERCIAL
“A transformação do sistema tem início com a
fuga dos servos, que abandonam o campo, e com a mudança gradativa dos feudos
que passam a funcionar como unidades produtoras para novos mercados urbanos que
começam a surgir. Isso representou a passagem da economia feudal
autossuficiente para a economia comercial, que caracteriza o capitalismo.”
[1].
Como o
crescimento demográfico não mais permitia o acesso de todos ao trabalho
agrícola, inúmeras pessoas voltaram-se para novas atividades econômicas como o
artesanato e, principalmente, o comércio. No entanto, o primeiro grande impulso ao comércio ocorreu em virtude das Cruzadas,
que permitiram a reabertura das rotas comerciais do Mediterrâneo ao comércio
Ocidental, bem como o estabelecimento de contatos com comerciantes árabes que
traziam para o comércio europeu, novos produtos. Tal fato privilegiou as
cidades italianas, como Gênova, Veneza e Pisa que se transformaram em importantes
centros comerciais, verdadeiros distribuidores dos produtos orientais na
Europa.
As Corporações de Ofícios -> com o crescimento do comércio, as
atividades econômicas passaram a ser controladas pelas Corporações de Ofícios
(=Guildas ou Grêmios) que reuniam pessoas que se dedicavam a uma mesma
atividade. Os objetivos desse sistema corporativo era formar mão de obra
qualificada, garantir o mercado urbano para seus associados, estabelecer a
jornada de trabalho e o nível dos salários, regulamentar o preço das
mercadorias, citando os principais objetivos.
As Hansas -> associações de mercadores para defender seus
interesses. A mais poderosa delas foi a Hansa teutônica, que agrupou 90 cidades
germânicas e dominou o comércio do leste europeu.
RENASCIMENTO URBANO
As cidades
medievais nasceram em terras da nobreza feudal ou do clero e, com o passar do
tempo, foram adquirindo autonomia administrativa e judiciária. Essas cidades
medievais autônomas eram denominadas
Comunas, características da Baixa Idade Média. Os centros urbanos que
surgiam em pontos estratégicos para o comércio, preocupavam-se em manter sua
defesa. Os comerciantes erguiam muros ao redor do vilarejo constituindo o
chamado burgo e, consequentemente, seus moradores passaram a ser chamados de burgueses.
TRANSFORMAÇÕES QUE OCORRERAM NA PASSAGEM DO SÉCULO XV PARA O XVI
Políticas-> Formação das
Monarquias Nacionais:Ocorreu quando a autoridade do
rei cresceu devido ao comércio e à burguesia; a aliança burguesia-monarquia foi fator fundamental para a centralização
do poder e a consequente formação dos Estados Nacionais.
Características
dos Estados Nacionais modernos: governo, leis, impostos, moedas e exército são
os mesmos para todo o território da nação.
Portugal foi a primeira
Monarquia Nacional a se organizar.
No final da Idade
Média, os reis retomaram seus poderes e instituíram as monarquias nacionais, ou
seja, os territórios foram unificados sob a autoridade real. O Estado voltou a
surgir como organização política.
Absolutismo Monárquico: O poder real,
que desde o final da Idade Média vinha se fortalecendo, consolidou-se nos
séculos XVI e XVII, constituindo-se o absolutismo, um regime político no qual o
poder estava concentrado nas mãos do rei. Os soberanos absolutistas não
admitiam nenhum controle no exercício de seu poder e impunham a sua vontade à
nação.
Econômicas -> Implantação da
política mercantilista cujo objetivo era tornar o Estado mais rico e
poderoso.
Características:
controle estatal da economia; metalismo (acúmulo de metais preciosos); balança
comercial favorável (mais exportações e menos importações); protecionismo
(maior taxação sobre produtos importados) e colonialismo (as colônias
abasteceriam a metrópole com seus produtos e se constituiriam em mercados
consumidores dos produtos metropolitanos). O objetivo da política mercantilista
era tornar o Estado mais rico e poderoso.
Culturais -> Renascimento: período de intensa produção
cultural, artística e científica, voltada para a valorização do ser humano e da
vida terrena.
A cultura renascentista foi,
portanto, marcadamente burguesa, urbana e capitalista.
Características: Humanismo,
inspiração na antiguidade clássica; antropocentrismo; racionalismo e
individualismo.
O Renascimento teve suas origens
na Península Itálica, na primeira metade do século XIV.
RENASCIMENTO CIENTÍFICO
A
efervescência cultural da Renascença impulsionou o estudo do homem e da
natureza. O Universo já não era mais aceito como obra sobrenatural, fruto dos
preceitos cristãos. O espírito crítico do homem partiu para a ciência
experimental, a observação, a fim de obter explicações racionais para os
fenômenos da natureza. Principais cientistas: Nicolau Copérnico
(Heliocentrismo) e Galileu Galilei. O
Renascimento científico retirou da Igreja o monopólio da explicação das coisas
do mundo.
Religiosas ->
Reforma Protestante: Durante o
século XVI, os conflitos e as diferenças dentro da Igreja tornaram-se
tão sérios, que acabaram gerando uma cisão (divisão) na cristandade.
Dois fatos
colaboraram muito para agravar ainda mais a situação da Igreja ao longo dos
séculos XV e XVI: A crescente onda de corrupção com a venda de indulgências
(venda do perdão dos pecados), relíquias religiosas e cargos eclesiásticos
importantes, bem como a concubinagem do clero; a perda de poder do para as
monarquias nacionais.
Com a invenção
da imprensa, em 1440, por Gutemberg, houve maior acesso ao conhecimento, que
durante muitos séculos foi privilégio de uma minoria, o que contribuiu para
aumentar a difusão de ideias entre a população, fazendo com que muitas pessoas
deixassem de aceitar passivamente a doutrina da Igreja.
Líder do movimento reformista –
MARTINHO LUTERO.
Consequências:
enfraquecimento do poder político da Igreja; aumento do poder do reis; fortalecimento
dos ideais burgueses, principalmente com a difusão da filosofia calvinista que
justificava o lucro; difusão da instrução religiosa através da leitura da
Bíblia; estímulo à participação dos fiéis nos cultos religiosos; surgimento de
conflitos religiosos entre católicos e protestantes; aparecimento de ideias
mais radicais referentes à organização da sociedade, de acordo com a justiça de
Deus; criação do movimento da Contrarreforma.
Contrarreforma Católica: reação da
Igreja Católica contra todo este movimento protestante.
Medidas
adotadas: convocação do Concílio de Trento, que condenou a doutrina protestante
e confirmou a católica; aconselhou a formação dos sacerdotes em escolas
especiais (os seminários); determinou a publicação do catecismo (resumo da
doutrina cristã); reafirmou os sete sacramentos e o valor das indulgências.
Criação da Companhia de Jesus por Inácio de Loyola, que obrigava seus membros,
os jesuítas, a uma rigorosa disciplina e obediência ao papa. Intensificação das
atividades do Tribunal do Santo Ofício, instrumento de terror contra os que
divergissem da doutrina católica (os hereges).
Tecnológicas -> Movimento das grandes navegações: empreendimento de expansão
marítimo-comercial das monarquias europeias em busca
de uma nova rota marítima para as Índias e suas especiarias e produtos de luxo.
Fatores
que favoreceram esta expansão: interesse pelo comércio dos produtos de luxo e pelas
especiarias; necessidade de quebrar o monopólio das cidades italianas no mar
Mediterrâneo; procura de um novo caminho marítimo para as Índias; escassez de
metais preciosos na Europa; aliança entre o rei e a burguesia, buscando a
centralização do poder; valorização do comércio e o progresso técnico e científico.
Acelerou o
processo: tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, cortando o monopólio comercial das cidades italianas.
País pioneiro:
Portugal, seguido pela Espanha.
Tratados de
divisão de terras: A concorrência espanhola nas navegações preocupou o governo
português. Ele temia pela rota oriental que procurava e pelas terras que já
havia descoberto -> Papa Alexandre VI, 1493, expediu a Bula Inter Coetera,
não aceita por Portugal. Diante da reação de Portugal, os reis da Espanha
aceitaram estabelecer diretamente outro acordo, que resultou, em julho de 1494,
no Tratado de Tordesilhas,
dividindo as terras descobertas e por serem descobertas entre os países
ibéricos. Tal tratado deu a posse do litoral brasileiro à Portugal, mesmo antes
do “descobrimento”.
Consequências dos
Descobrimentos: As navegações provocaram o aumento das relações comerciais
entre o Oriente e o Ocidente, o deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo
para o Atlântico, a entrada de metais preciosos na Europa, a ascensão econômica
da burguesia, o fortalecimento do poder real e a formação dos impérios coloniais.
CONQUISTA E COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA
No início do
século XVI, Portugal e Espanha e, um pouco mais tarde, a Inglaterra, a França e
a Holanda promoveram a colonização das terras que haviam conquistado na
América. A colonização implantada estava ligada à expansão marítima e comercial
da Europa, ao fortalecimento das Monarquias Nacionais e à política econômica do
mercantilismo. Essa colonização baseou-se no monopólio colonial. Esse monopólio
– o Pacto Colonial – era o ponto mais importante do sistema colonial.
Colonização espanhola -> política: vice-reinos,
capitanias-gerais, cabildo (uma espécie de Câmara Municipal);
Administração: Conselho
das Índias; Economia: controlada pela Casa de Contratação; na exploração
econômica foi utilizada mão de obra indígena sob regime de trabalho da Mita e
da Encomienda; Sociedade: chapetones, criollos (filhos de espanhóis nascidos na
América), mestiços e escravos.
Colonização
portuguesa-> político-administrativa: Capitanias-hereditárias, Governo-geral
e Câmaras Municipais; Economia: extrativista (pau-Brasil), açucareira,
pecuária, mineradora. A cana-de-açúcar foi a cultura escolhida para iniciar o
povoamento e gerar novos lucros; Sociedade: A sociedade colonial açucareira era
rural, aristocrática (senhor de engenho), conservadora, patriarcal e
escravocrata. Já a sociedade mineradora era predominantemente urbana e, embora
também fosse formada por escravos e senhores, apresentava camadas médias
urbanas e muitos pobres livres.
Colonização inglesa -> a
partir do século XVII, a monarquia inglesa aliada à burguesia resolveu explorar
a América do Norte. O povoamento da colônia deu-se através de camponeses e
operários ingleses que buscavam melhores condições de vida. Foram fundadas as Treze Colônias Inglesas da América do
Norte. As colônias localizadas no norte e no centro foram de povoamento, pois praticavam uma agricultura
de subsistência em pequenas propriedades, utilizando mão de obra livre, e pouco
dependiam da metrópole. Já as localizadas no sul, eram colônias de exploração, produzindo em grandes
propriedades para atender às necessidades da metrópole e com mão de obra escrava
(sistema de plantation).
Colonização Francesa e
Holandesa -> os franceses ocuparam a região do Canadá e algumas ilhas do
Caribe. Os holandeses conquistaram o Suriname e as ilhas de Curaçao, nas
Antilhas.