quarta-feira, 10 de abril de 2013

O surgimento das universidades

No decorrer da Idade Média, uma grande parte da população não tinha acesso ao conhecimento, nem mesmo o básico que é ler e escrever, e não havia nenhuma perspectiva na vida de reter tais conhecimentos. O que ocorria nesse período é o que ocorre nos dias atuais: as disparidades financeiras e de oportunidades. Na Idade Média, ler e escrever era privilégio de uma pequena parcela da sociedade, composta por integrantes da Igreja e comerciantes.

Porém, a partir do século XII, com o renascimento comercial e urbano, houve uma conscientização acerca da educação, pois a formação se tornava importante nas atividades comerciais, que utilizavam a escrita e o cálculo. Nesse período, começaram a surgir escolas fora da Igreja.

Sem dúvida, uma das preciosidades da cidade medieval, que estava voltando a ser importante, foi a instituição da Universidade. Hoje são comuns. Mas elas constituem uma das melhores e mais exclusivas invenções medievais. Tal fato comprova a afirmação de Jean Guiraud de que não é verdade que a Idade Média tenha sido uma época de estreitamento intelectual.

As Universidades medievais foram fundadas por volta de 1150, no contexto do renascimento do século XII. Essas instituiçõesforam o ponto de partida para o modelo de Universidade que temos até hoje.Trata-se não apenas de instituições de ensino - a Universidade medieval era também o local de pesquisa e produçãodo saber, o foco de vigorosos debates e muitas polêmicas - o que fica evidente pelas crises em que estas instituições estiveram envolvidas e pelas muitas intervenções que sofreram do poder real e eclesiástico.

As Universidades tinham características inteiramente eclesiásticas: eram criadas pelo Papa e os professores pertenciam todos à Igreja. Todos os alunos eram chamados de clérigos, mesmo quando não se destinavam ao sacerdócio. Ensinavam teologia, todas as grandes disciplinas científicas e filosóficas, gramática, dialética, música e geometria. Tanto os mestres como os alunos ficavam submetidos aos tribunais eclesiásticos, que administravam e tomavam as decisões na Universidade, o que era considerado um provilégio e dava autonomia a esta corporação de elite. Esta é a característica fundamental da Universidade medieval.

Era uma era cosmopolita, os clérgos e professores vinham de todas as partes do mundo. A população de estudantes era tão considerável que mesmo nossos tempos não podem superá-la em número. Este povo de estudantes dava provas de uma vida intelectual intensa. Havia uma língua comum para todos e a única falada na Universidade era o latim. O uso do latim facilitava as relações, permitia as comunicações entre os mestres, dissipava quanquel confusão de expressão, protegendo assim a unidade de pensamento. Os estudantes da Idade Média eram também pregadores e como clérigos eram eles que ensinavam aos fiéis a sua ciência e a sua fé.(1)  Entretanto, as Universidades da Idade Média permitiam dentro de suas dependências o livre pensamento e ideologias. 

O método utilizado no ensino era principalmente o comentário; um texto era lido e analisado com todos os comentários que podiam ser feitos, do ponto de vista gramatical, jurídico, filosófico, linguístico, etc. Era um ensinamento sobretudo oral, dando grande atributo à discussão diante de um auditório de mestres e alunos, que muitas vezes davam origem a tratados completos de teologia ou filosofia.

(1) Sugestão de um filme sobre esse assunto: Em nome de Deus, de 1998, direção de Clive Donner, 115min.

Mais informações sobre este assunto está disponível em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_medieval
http://cidademedieval.blogspot.com.br
http://www.historiadomundo.com.br/idade-media/universidade-idade-media.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário